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terça-feira, 27 de junho de 2017

Lançada a Edição 4 no Cineclube Incinerante


No último sábado, dia 24, rolou na cidade de Guarulhos lançamento da edição 4 do Zine Gueto - Metragem. O evento ocorreu no Cursinho Comunitário Milton Santos, na Escola Tom Jobim, em exibição do Cineclube Incinerante. Foram exibidos os filmes "Orgulho da Nação", do Coletivo Polissemia, e "Videolência", do NCA (Núcleo de Comunicação Alternativa), coletivo da zona sul de sampa que foi tema desta edição. O Zine é feito pela Secretaria de Cultura do Estado através do edital PROAC. A Companhia Bueiro Aberto só tem a agradecer todos que colaram e prestigiaram um rico debate sobre cinema independente. Mês que vem tem mais!!!

Fotos por Marcos Campos












terça-feira, 20 de junho de 2017

Edição 4 traz debate sobre cinema de periferia

Está chegando a quarta edição do Zine Gueto Metragem. Será lançada num evento de exibição do Cineclube Incinerante, são 500 exemplares impressos:


Nesse mês traremos uma reflexão sobre o cinema de periferia ou cinema de quebrada, ou cinema independente, enfim, os tantos termos que vieram para classificar o tipo de filme que é objeto de pesquisa do Zine Gueto - Metragem, qual seja, aquele produzido com câmera digital DSLR por realizadores que estão fora da indústria, do mercado de Salas de Exibição e dos grandes orçamentos. Nesse sentido, traremos uma edição especial focada no NCA (Núcleo de Comunicação Alternativa), coletivo de vídeo popular do extremo sul da capital paulista que em 2015 completou 10 anos e lançou o livro: "Entre a Luz, a Câmera e a Ação", sem dúvida, uma das nossas maiores referências. 

O editorial faz um levantamento do cinema de periferia e problematiza esse conceito com a afirmação, não é o cinema do gueto, mas o gueto do cinema, buscando não se ater a uma limitação geográfica e tentando afirmar um cinema livre, que não precisa se submeter a ditames mercadológicos ou politicos, que é forte justamente pela sua diversidade, esta que amplia o universo simbólico das "nossas culturas".

Já a coluna "Qual Longa Metragem?" traz análise do filme "Videolência, 2009, NCA", um retrato do movimento do cinema de periferia e a ideia da imagem midiática que violenta. Entrevistamos um dos diretores do filme, Daniel Fagundes.


                                  (Cena do filme "Videolência)

Há ainda a entrada no documentário, gênero muito forte no cinema de quebrada, com os filmes "Na Marca do Pênalti" (Coluna Perrengue) e "Nelso Cavaquinho, de Leon Hirszman" (Coluna Comendo a História). A Coluna Oficina de Cinema explica produção e direção de arte.


                                (Nelson Cavaquinho)

Edson Murata, um dos articuladores do Cineclube Incinerante, é o colunista convidado e escreve sobre a democratização da prática do cineclubismo como ferramenta essencial desse cinema do submundo que fazemos.

No evento, serão exibidos os filmes "Videolência" e "Orgulho da Nação", este último produção recente do Coletivo Polissemia, de Guarulhos. Após a exibição, haverá debate com membros do Zine e do Polissemia. Vamos colar e fortalecer o cinema independente.

Edição 2 do Zine completa virtualmente

A segunda edição do Zine Gueto Metragem está disponível virtualmente no link: https://drive.google.com/file/d/0B_V4u46GwWq5ZVdDUTU1YnhHTUk/view


Essa edição é especial da Série Olhar Clandestino, projeto da Companhia Bueiro Aberto que foi uma escola para esse coletivo. São cinco filmes de curtas metragens realizados de forma independente e que buscam trazer o anonimato das relações humanas no contexto das grandes metrópoles. Temos entrevista com o fotógrafo Marcos Campos, abordamos a direção no cinema, analisamos referências da ficção cinematográfica como Marcelo galvão e Hitchcock, e refletimos os bastidores desse processo.

terça-feira, 6 de junho de 2017

Edição 1 do Zine Completa virtualmente

Link da edição1:
 https://drive.google.com/file/d/0B_V4u46GwWq5QVR6RktGdVJBZ0U/view


Olha que novidade boa, já está disponível na internet para baixar a edição 1 do Zine Gueto - Metragem, lançada no dia 25 de abril, no espaço Arranca, durante Sessão do Cineclube Incinerante, contou com 500 exemplares impressos e distribuídos gratuitamente. 
  Falamos sobre a experiência do nosso cinema, na coluna "Perrengue" abordamos como conseguimos quebrar um muro que não existe no filme Transmutação, a coluna "Qual longa Metragem?" trouxe uma reflexão sobre Luises, o Solrealismo Maranhense, em outras  colunas falamos sobre a exibição em espaços culturais, sobre o grande Humberto Mauro e seu clássico Ganga Bruta, e tivemos uma entrevista com a diretora Janaina Reis. A "Oficina de Cinema" adentrou o roteiro de cinema. Confere aí os textos.



Entrevista com o fotógrafo Marcos Campos

Entrevista com um dos principais responsáveis pela fotografia da Série Olhar Clandestino, publicado na segunda edição do Zine Gueto - Metragem




Entrevista por: Renato Queiroz
Fotografia por: Elizabeth Massarelli

GUETO – METRAGEM: Há quanto tempo você está na fotografia?

MARCOS: Eu fotografo desde 1991.

GUETO – METRAGEM: Como você entrou nessa área?

MARCOS: Foi uma história engraçada. Eu dava aulas de Hapkido, eu treinava, não tinha nada a ver com isso. Daí um amigo meu começou a fazer um curso na Focus, escola de fotografia em São Paulo, e eu meio que fiz o curso de tabela com ele porque o que ele ia aprendendo, ia me passando e eu aprendia também. Aí um outro amigo meu me disse que a FIG da Vila Rosália, faculdade de Guarulhos,  precisava de um fotógrafo e eu comecei a trabalhar com isso por lá, além de iniciar o curso de artes. Eu fazia peças publicitárias, jornais, revistas, folders.

GUETO – METRAGEM: E você já se interessava por cinema?

MARCOS: Já me interessava por cinema sim, mas como um consumidor mesmo, porém eu já conversava com muita gente e dizia que tinha vontade de fazer curta – metragem. Eu emperrava naquela questão de equipe, né? De um roteirista, uma direção de arte, fotografia, uma galera que quisesse somar. Quando eu encontrei o Coletivo (Companhia Bueiro Aberto) uni o útil ao agradável.

GUETO - METRAGEM: Você já tinha experimentado fazer algum curta antes?

MARCOS: Curta, não. Eu trabalhei com eventos sociais, como casamentos. Nesse tipo de trabalho você acaba desenvolvendo alguma coisa porque tem que criar uma história para que a pessoa tenha interesse em ver o vídeo do casamento dela. Basicamente, a gente fazia cinema sem saber. A gente filmava o noivo e a noiva no carro chegando na festa. Daí já usávamos os planos – detalhe, como o pé do noivo saindo do carro, a mão abrindo a porta para a noiva, às vezes pedia para sair do carro de novo para fazer um plano aberto. Na verdade, eu decupava a cena e fazia com que aquela imagem dele saindo do carro, pegando a noiva e entrando no salão, tivesse várias tomadas, vários ângulos.

 GUETO – METRAGEM: Já fazia direção de atores praticamente, né?

MARCOS: Sim, praticamente era isso. Existe um grande preconceito com fotógrafos de evento social, dizem que é uma área muito prostituída, mas eu penso que fotógrafo é o cara que consegue viver disso, de fotografar, e tem, sim, elementos artísticos nesse trabalho.

GUETO – METRAGEM: Quais são as suas referências no cinema?

MARCOS: Eu gosto muito do Tarantino. Gosto também do Roberto Benigni, que dirigiu “A Vida é Bela”, ele tem um filme muito engraçado que chama “O Monstro”. Hitchcock é uma referência de profissionalismo, apesar de ele negar a câmera na mão e a gente usar mais câmera na mão, porque é outra pegada, é a experimentação, não quer dizer que tenha certo ou errado no cinema, eu acho que tudo depende da proposta, né? Talvez se ele tivesse uma câmera DSLR na mão, com precisão exata, ele não ligaria pra isso.

GUETO – METRAGEM: E como foi que você começou a trabalhar com o cinema? 

MARCOS: Eu fui convidado pra fazer fotografia de still num curta em que a minha namorada ia interpretar um papel. Chegando lá conheci a galera e o rapaz que ia filmar, o Dan, que tinha aprendido comigo fazendo eventos de casamento, e ele passou a bola pra mim, emprestou a câmera e disse que eu que iria filmar. Depois desse curta, os caras me passaram qual era a ideia do projeto, fazer cinco curtas em pouco espaço de tempo, e eu abracei de coração, sem nem pensar em remuneração, porque sabia que é um trampo independente e como eu tava descobrindo essa questão do cinema, me entreguei de corpo e alma, do primeiro até o último.

GUETO – METRAGEM: Você também esteve nas montagens dos filmes, utilizou muito do que já sabe e ensinou muita coisa pro coletivo. Fala um pouco disso.


MARCOS: Ah, sim. Então, o trabalho com casamentos me deu a oportunidade de filmar com uma, duas, às vezes até três câmeras. Além disso, trabalhei também com vídeo institucional pra algumas empresas e isso me deu uma base legal pra entender o programa de edição. Mas o que ficou legal no “Olhar Clandestino” foi que a gente fez uma montagem coletiva, não existia O Montador, O Editor, e sim um processo de discussão, a gente não edita sozinho, geralmente tem duas ou três pessoas. Outra coisa importante é o respeito, é admitir. Tem vezes que você faz o corte de uma cena até o fim e pra você tá lindo, aí alguém diz que tá um pouquinho longo, aí é você olhar, reavaliar, porque quando tá muito dentro do trabalho, tem que chegar no outro cara, pedir pra ele pilotar a nave um pouco. Pensar fora da caixa.

GUETO – METRAGEM: Por que você acha que a montagem é a etapa mais difícil de um filme?

MARCOS: Porque ali não tem mais pra onde correr. Não dá pra fazer mais planos, criar mais personagens. É resolver com o que tem. Como foi o atropelamento da Miracélia no “Estrela Invisível”, né? Depois, olhando na edição, você pensa que podia ter feito um planinho a mais que talvez melhorasse alguma coisa, mas na edição não tem mais, né?  No Set você ainda tem a oportunidade de lembrar de um plano ou criar alguma coisa, como foi no “Crise” em que a cena adicional com a Cecília acabou se tornando uma das mais bonitas.

GUETO – METRAGEM: Produzir hoje, com acesso às novas tecnologias, é possível. Agora, a questão é: Como atingir o público, como fazer com que nossos filmes sejam vistos?

MARCOS: Eu acho que o grande canal é a Internet. Tem muitos atores, coletivos que iniciaram na Internet e hoje trabalham em emissoras ou tem seu próprio canal bombando com milhões de inscritos. E há a divulgação com amigos mesmo, pedir pra compartilhar, mostrar pra todo mundo, mas é bom fazer exibições também, chegar onde tiver oportunidade de o filme rodar.


GUETO – METRAGEM: A “Série Olhar Clandestino” trabalha com a ideia do anonimato, de extrair algo emocionante de uma pessoa desconhecida. O que você pensa dessa proposta?


MARCOS: Cara, acho uma puta ideia! Eu penso, às vezes a gente faz o mesmo caminho de casa pro trabalho por anos e um dia se dá conta de que tem um prédio em algum lugar e você não sabe quando construíram esse prédio, nunca notou. Passava todo dia ali, olhava, mas não enxergava. A ideia do “Olhar Clandestino” é que a gente tá tão acostumado a passar e ver essas situações, que a gente não repara. O Olhar Clandestino vem pra escancarar e dizer: “Olha, isso é o que você não vê.”