No final do mês de Outubro de 2022, o Zine Gueto-Metragem, um periódico de cinema periférico organizado pelo Coletivo Companhia Bueiro Aberto, fez o último lançamento do ano. Buscando debater “cinema e política”, as colunas trouxeram reflexões sobre os dilemas artísticos-políticos de alguns coletivos periféricos, bem como a história do cinema na front da revolução.
Nosso desejo de fazer cinema, mas também de refletir, pesquisar, escrever, se tornou uma realidade sólida. Com 11 edições, incluindo 5 em 2020, reunimos mais de 70 textos debatendo e aprendendo com diversos coletivos, a navegar pelas estórias de um novo cinema.
Esse ano, além dos colunistas do nosso coletivo, Janaina Reis, Daniel Neves e Renato Queiroz, contamos também com convidados como a parceira Pâmela Regina, do Cineclube Incinerante, que fez a mediação dos debates de lançamento, o mestrão Daniel Fagundes, nossa referência no cinema de quebrada. Aliás, fizemos uma edição especial do Coletivo de Vídeo Popular, articulação de coletivos com 15 anos de caminhada, na qual escreveram colunas, além de Fagundes, o antropólogo Guilhermo Aderaldo e a cineasta-pesquisadora Fernanda Vargas. Lincoln Péricles, direto do capão, escreveu sobre seu cinema de mutirão em edição sobre cinema experimental. Contamos também com a presença da socióloga Marina Soler, professora da UNIFESP e colunista constante. A presença de diversos nomes do cinema periférico cria um espaço de debate e criação.
O gênero textual do zine vem se modificando, ou talvez se consolidando. Embora tenhamos trabalhado com textos dissertativos e acadêmicos, algo que consideramos essencial no nosso processo, estamos explorando as formas literárias, conto, poesia, relatos, abrindo para a construção de narrativas, contação de estórias de processos de criação.
Exibimos cinco filmes e trouxemos os realizadores para um debate, de São Paulo a Pernambuco, fazendo o intercâmbio entre coletivos. Todos os cinedebates podem ser encontrados no canal Companhia Bueiro Aberto.
Em suas 11 edições, o zine foi financiado pelo PROAC, com exceção de apenas 1 edição, em editais da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Tentamos novamente um edital, mas infelizmente não conseguimos. Bem sabemos como as políticas culturais ainda são deficitárias. Porém, voltaremos em 2022, nem que seja para fazer de maneira independente, como é o nosso cinema.
Viva os cinemas periféricos! Uma câmera na cabeça e uma ideia nas mãos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário