sábado, 4 de julho de 2020

O ZINE GUETO METRAGEM ESTÁ DE VOLTA

O cinema é uma arte cara e por mais que estejamos vivendo a democratização dos equipamentos, quando a maioria da população se tornou pessoa-câmera, fazer filmes, construir uma trajetória, explorar a linguagem ainda é um grande desafio. Exige estudo, tempo, recursos, desgaste físico e emocional. Quando se faz de forma independente, sem apoio do governo ou de empresas, a situação é ainda mais complicada, o cineasta independente tem de se equilibrar na corda bamba, medir cada passo, deixar ideias de lado para que seu projeto possa ser filmado. Porque estamos falando de fazer filmes que desenvolvam nossa estética, que aperfeiçoem a maneira de se transmitir uma ideia, como o músico que busca melhorar seu violão. Infelizmente, não é uma atividade profissionalizada, pois temos que nos virar de outras formas para sobreviver. Nunca foi fácil, pra quem nasceu na quebrada, pra quem enfrenta a precariedade educacional e cultural, pra quem presencia a violência diária, o salário baixo, fazer cinema parece uma ousadia. Eis aí a grande força do cinema de quebrada que busca contar novas estórias. Pelos bairros e avenidas do Brasil, obras vão sendo cada vez mais produzidas.
Mesmo com todas as dificuldades, o cinema independente cresce e ainda tem muitos desafios pela frente: como a distribuição. A Companhia Bueiro Aberto, coletivo com 6 anos de trajetória e 50 produções, criou o Zine Gueto Metragem para debater, pesquisar, entender este novo cinema que surge. Ao mesmo tempo que esta reflexão sirva para aglutinar grupos e melhorar nossas produções. O Zine foi lançado em 2017, com apoio do Edital PROAC, tendo 5 edições e 2500 exemplares. Sem recursos para continuar, o projeto estacionou e volta agora em 2020, desta vez de forma independente. Estamos finalizando a Sexta Edição, que será publicada ao mesmo tempo que lançaremos o nosso primeiro longa metragem de ficção. Além das edições, vamos alimentar periodicamente o blog do Zine com diversos textos sobre cinema. Como dizia Glauber Rocha, temos a câmera na mão e muitas ideias na cabeça.