Chegou a nossa queridinha! E eu vou arriscar uma resenha sobre esses dias tão especiais que compartilhamos. Posso dizer que no primeiro dia, a ansiedade era tão grande, que parecia que era a nossa primeira vez. Mas, pensando bem... até que pode ser mesmo. Quase dois anos nos separaram da sala de exibição lotada, dos rostos amigos, abraços e debates profundos. Dois anos com medo imenso da morte, da fome, da dor. Estar ali naquela primeira noite ao lado dos nossos era mais do que uma exibição, era uma vitória! E celebramos! Em nome de tantos que não tiveram a mesma chance, em nome de tantas pessoas que nos fazem falta. Cinema é sobre afeto.
De cara eu fui à Bahia, tanto tempo sem viajar, eu entrei numa Kombi e fui com Leandro Almeida viajar em sua filosofia, “Um Filósofo na Quebrada”. Esse documentário traz uma questão interessante, Daniel soube amarrar tão bem a presença de Leandro, que este sai do lugar de personagem e se confunde com a figura do autor, ele narra sua própria história em voz e imagens captadas por ele mesmo ao longo de sua aventura pelo Brasil.
No retorno eu volto pelo Pimentas, desembarco na terra do Coletivo Kinoférico, sacudindo a nossa cabeça “Durante o Banho" mostra que os filmes de oficina estão com muito a dizer, e nos presenteiam com um pulsante relato de um jovem e seus conflitos pandêmicos, destaque para as transições na edição que nos levam de uma angústia à outra da personagem mantendo a cadência do filme.
E já que estou em Guarulhos, não pude deixar de ver a maldade que assola essa terra. O cortante documentário “Os Invisibilizados Relatos da luta dos trabalhadores” é um grito contra os desmandos dos coronéis. Trouxe todos os presentes para a pauta da PROGUARU, como não podia deixar de ser, filme de educação popular é isso, provoca, instiga, dialoga.
Mas agora me vejo diante de um impasse: Apocalypse Clown. O filme é meu, não sou capaz de opinar, prefiro resolver um mistério, “O Mistério das Musas de Eçaraia" é um belo e bem narrado suspense, quero ver mais dessa galera na próxima mostra. Creio que já me alonguei com esse texto, é preciso correr, “Run", rápido e de tirar o fôlego, fotografia e edição muito bem executadas.
Por fim, o novo, o “Neo-Brazyl", um filme de Nelson Simplício. O filme é dele, é ele. A inquietação, a busca de Nelson como cineasta estão ali, e ganhamos um filme que destrói a nossa mente, no melhor sentido claro. Cores saturadas, tecnologia presente todo o tempo, aplicativos, um futuro distópico, que me lembrou Blade Runner, Ghost in the shell... tudo isso na terra brasilis, ganhou aquele toque de uberização, e temos este belo cyber punk. Destaque para a edição precisa de Nelson, a trilha sonora marcante e direção de arte que construiu um universo de cores e luzes fantástico. O curta fechou a primeira noite de exibição presencial, que apresentou um panorama diverso de produções, reuniu os produtores locais e mais uma vez fomentou o debate acerca do nosso fazer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário